segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Juremir Machado - Vozes da Legalidade




Em novembro, dia 25, irá acontecer no auditório principal da URI-Santiago o lançamento do livro - Vozes da Legalidade - do doutor em sociologia, escritor e colunista do jornal Correio do Povo Juremir Machado da Silva.


Em breve maiores informações sobre o evento.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mostra de Cinema 4º For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual


 
 
Mostra de Cinema 4º For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual, que acontecerá dia 18 de agosto de 2011, a partir das 19h30min no Auditório da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus de Santiago, entrada gratuita.
          
Esse festival ocorre em 150 municípios de todo o Brasil e pela primeira vez acontecerá em Santiago, através de uma iniciativa do CineClio CineClube Santiaguense, com a parceria do curso de História, Psicologia e Enfermagem da URI.  
            
 
 
 Desde já agradecemos a sua participação!

I Seminário do Centro de Memória Regional do Judiciário -10 Anos de História

UCS - De 7 a 11 de novembro de 2011

Programa
 
Dia 7 de novembro
19h30min - Abertura – Palestra: Fontes Históricas - UCS Teatro
Tânia Regina de Luca – UNESP
Dia 8 de novembro
17h – Seminários Temáticos - Bloco 46 (salas a definir)
ST1 - Estudos de Gênero e Poder Judiciário
Coordenação: Carla Simone Beuter (UCS) e Marília Conforto (UCS)
ST2 - História, Memória e Patrimônio Cultural
Coordenação: Éverton Reis Quevedo (MUHM/GT Acervos/ANPUH/RS)
ST3 - História do Judiciário
Coordenação: Alexandre Cortez Fernandes (UCS)
ST4 - Arquivos do Judiciário: novas abordagens da história
Coordenação: Carine Trindade (Memorial do Judiciário do RS)
ST5 - O Processo Judicial no Passado e no Futuro
Coordenação: Sergio Augustin (UCS)
20h – Palestra: História do Judiciário no Brasil - Auditório do Bloco H
Arno Wehling – UFRJ-Unirio-UGF
Dia 9 de novembro
17h – Seminários Temáticos - Bloco 46 (salas a definir)
ST6 - Judiciário e Relações de Poder
Coordenação: Antonio Maria Rodrigues de Freitas Iserhard (UCS)
ST7 - História do Direito e dos Processos
Coordenação: Roberto Radunz (UCS/UNISC)
ST8 - Crimes e Poder Judiciário
Coordenação: João Ignacio Lucas (UCS) e Natália Pietra Mendez (UCS)
ST9 - Museus do Judiciário
Coordenação: Maria Beatriz Pinheiro Machado (UCS)
20h – Palestra: O Judiciário no RS: uma história em construção - Auditório do Bloco H
Gunter Axt – USP, PGJSC
Dia 10 de novembro
17h – Mesa-redonda: Memoriais do Judiciário no Brasil: Pesquisa Histórica e o Judiciário - Mini-Auditório Bloco 46
Coordenação: Clóvis Moacyr Mattana Ramos (UCS)
Mônica Maria de Padua Souto da Cunha – TJPE
Carine Trindade (Memorial do Judiciário do RS); Vladimir Passos de Freitas; João Roberto Oliveira Nunes (TRT-RJ) e Benito Bisso Schmidt (TRT-RS)
20h – Palestra: Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul - UCS Teatro
Mary da Rocha Biancamano – ESM-Ajuris, UFRGS, TJRS; José Carlos Teixeira Giorgis – TJRS e Luiza Horn Iotti - Centro de Memória Regional do Judiciário – UCS
Dia 11 de novembro
17h – Mesa-redonda: Museus do Judiciário: acessibilidade e a informação eficiente - Mini-Auditório Bloco 46
Coordenação: José Carlos Teixeira Giorgis (TJRS)
Ingrid Schroeder Sliwka; Jorge Silveira (TJRJ) e Katia Teixeira Kneipp (TRT-RS)
20h – O Arquivo Público e o Arquivo Judicial Centralizado do RS e as Fontes Judiciais - Auditório do Bloco H
Tassiara Jaqueline Fanck Kich – Coordenadora do Arquivo Judicial Centralizado do RS – TJRS e Aline Maciel, Camila Lacerda Couto – Arquivistas do Arquivo Público do RS

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ETAPAS ANTERIORES A REVOLUÇÃO DE 30

Desculpe a ausência de material dirigido ao blog neste mês de Junho, ele tem sido muito atribulado.

Abaixo colocarei de forma resumida alguns passos que antecederam a revolução da replública de 1930.

A Crise Oligárquica

A partir da Primeira Guerra, as dificuldades da política do café com leite aumentaram. No Congresso as bases de apoio da presidência, relativamente tranquilas nos primeiros governos oligárquicos, foram se esvaziando. As oposições no Congresso representavam descontentamentos cada vez maiores das oligarquias regionais que dificultavam a manutenção da política em prol da cafeicultura. A falta de dinheiro no governo federal rapidamente se mostrou uma questão do enfraquecimento da máquina pública. A política de valorização do café aplicada pelo governo nas primeiras décadas do século XX retirava os recursos da sociedade, aumentando a inflação, o custo de vida e a dívida externa.
Se as elites, com
as óbvias exceções de um pequeno grupo de cafeicultores, estavam se rebelando politicamente por não suportar mais a crise, imagine as consequências disso para os setores populares e classe média urbana.
Da mesma forma que as dissidências oligárquicas aumentavam suas oposições ao poder público, outros movimentos da sociedade faziam o mesmo. O Movimento Operário surgia nas cidades que estavam se industrializando e o Cangaço expunha a falência social no interior do nordeste. O Tenentismo refletia a rebeldia política não só entre o baixo oficialato das Forças Armadas como também de setores médio-urbanos da sociedade brasileira. Na mesma linha de raciocínio, o Modernismo expressava uma
ruptura com os valores culturais defendidos pelas elites que se encontravam no poder.


A Coluna Prestes

Liderada por militares que faziam oposição à República Velha. Teve início em abril de 1925, ainda no governo do presidente Artur Bernardes. Após os movimentos tenentistas , outro incidente aconteceu em 1924, em São Paulo, onde Artur Bernardes colocou a capital em estado de Sítio até a sua saída do governo e os revoltosos foram para o interior do estado. Este grupo era liderado por Miguel Costa.

Este destacamento consegue escapar de São Paulo e encontra-se com a coluna de Luis Carlos Prestes em Fox do Iguaçu, de onde partiram de uma caminhada pelo Brasil.

Com aproximadamente mil e quinhentos homens a Coluna Prestes atravessou o Brasil, passou por onze estados e percorreu cerca de 25 mil quilômetros. A coluna despertava diversos tipos de sentimentos por onde passava. Com seus ideais de mudanças contra o regime de oligarquias do governo federal, levantavam manifestações de apoio da população, alguns engajamentos na causa, e o olhar atento dos coronéis das regiões.

Luís Carlos Prestes foi o idealizador da Coluna, mas não foi seu principal líder, tendo em Miguel Costa esta liderança. Porém Prestes tornou-se um ícone do movimento, chamado de “cavaleiro da esperança”.

As tropas federais nunca tiveram alguma vitória significativa contra a coluna. O movimento se utilizava de técnicas de guerrilha para combater.


Maiores detalhes AQUI


A Campanha Civilista

Nos tempos da República Oligárquica, o governo federal se transformara em um joguete político diretamente controlado pelas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Contudo, mesmo tendo tamanha influência, os grupos participantes do chamado “café com leite” nem sempre estavam de acordo com relação aos nomes que deveriam compor a sucessão ao cargo presidencial. Em 1910, mineiros e paulistas entraram em desavença sobre o nome que deveria ocupar o posto máximo da República.

Em junho de 1909, a morte do presidente Afonso Pena e a ascensão do vice-presidente Nilo Peçanha deram outra dinâmica à disputa eleitoral da época. Como presidente, Nilo Peçanha manifestou seu claro apoio ao candidato militar Hermes da Fonseca. Apesar de não ter origem oligárquica, marechal Hermes já vinha articulando seu nome junto aos membros do Partido Republicano Mineiro. Contrários a essa ideia, os paulistas procuraram um nome para fazer oposição ao “temível” governo de um militar.
Nesse instante, os oligarcas paulistas sacaram o intelectual baiano Rui Barbosa enquanto uma alternativa à candidatura militar. A intenção primordial era atrair o apoio das oligarquias nordestinas e dos eleitores dos centros urbanos. Começava, dessa forma, a chamada “Campanha Civilista”. Do ponto de vista prático, os oligarcas de São Paulo procuravam oferecer um nome que fugisse à lembrança dos autoritarismos e problemas que marcaram os anos da República da Espada.


Semana da Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Esta nova forma de expressão não foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti.


Reação Republicana

Reação republicana é o nome pelo qual ficou conhecida a chapa de oposição apresentada, em 1921, por alguns estados – Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro - contra o candidato à presidência da República apoiado por Minas Gerais e São Paulo. Em março de 1922, seria escolhido o novo presidente da República, que substituiria o paraibano Epitácio Pessoa, no cargo desde 1919.

Seguindo a política do “café com leite”, as oligarquias de Minas e São Paulo lançaram o nome do governador mineiro Arthur Bernardes à sucessão presidencial. Insatisfeitos, alguns estados de importância secundária no cenário político-econômico da época - ou que buscavam mais espaço frente à hegemonia mineira e paulista - indicaram o então senador fluminense Nilo Peçanha para a disputa contra a chapa situacionista. Estava formada, assim, a Reação republicana.

A plataforma da Reação Republicana defendia a regeneração dos princípios republicanos e a formação de partidos políticos nacionais. Ela criticava a forma como se desenvolvia o federalismo no Brasil, acusando-o de beneficiar apenas os grandes estados. Para enfrentar a ameaça permanente de derrota que rondava toda candidatura de oposição, a Reação Republicana desencadeou uma propaganda eleitoral, coisa pouco comum nas eleições da Primeira República. E, o que é importante, buscou apoio militar.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Como era o sexo na Pré-História?

Os homens da Pré-História já distinguiam sexo de reprodução, usavam cosméticos naturais para incrementar a paquera, faziam sexo em posições bem diferentes do papai-e-mamãe e usavam até mesmo métodos anticoncepcionais. Pelo menos é isso que indicam os estudos feitos por arqueólogos baseados em objetos como estátuas e pinturas rupestres. Só não dá para ter certeza porque a Pré-História é caracterizada justamente pela inexistência de documentos escritos. “Chegar à verdade acerca da Pré-História é quase impossível. A arte pré-histórica, grande parte da qual tem conteúdo sexual explícito, obviamente revela coisas sobre as quais as pessoas pensavam, mas não pode refletir por completo o que realmente faziam”, afirma o arqueólogo Timothy Taylor no livro A Pré-História do Sexo. Veja nestas páginas o que os cientistas descobriram sobre os hábitos sexuais que faziam a cabeça da humanidade que habitou o planeta entre 2 milhões a.C. e 4000 a.C.


É PAU, É PEDRA...
Na Idade da Pedra, métodos anticoncepcionais e masturbação já faziam parte da rotina sexual


POSIÇÕES
Nada de papai-e-mamãe na Pré-História. Uma imagem encontrada em Ur, na Mesopotâmia, datada de 3200 a.C., mostra a mulher por cima, posição também encontrada em obras de arte da Grécia, do Peru, da China, da Índia e do Japão. Uma outra imagem pré-histórica mostra a mulher sentada com as pernas levantadas para facilitar a penetração do homem. A relação com penetração por trás também aparece com frequência, assim como imagens de sexo oral


CASAMENTO
No Paleolítico, a Idade da Pedra Lascada, os machos dominantes se casavam com várias mulheres, seguindo o comportamento de animais polígamos, como bisão e veado. Já no Neolítico, a Idade da Pedra Polida, a monogamia passa a ser predominante. Nessa época, os homens passaram a domesticar animais. Observando o estilo de vida dos bichos e o papel do macho na procriação, os homens passaram à monogamia.


MASTURBAÇÃO
Não faltam exemplos da prática do sexo solitário na Pré-História: há de estátuas a bastões fálicos talhados em madeira ou em pedra. Uma das estátuas, de Malta, mostra uma mulher se masturbando de pernas abertas por volta de 4000 a.C. Outra retrata um homem sentado descabelando o palhaço em 5000 a.C.


CIÊNCIA
Os homens usam plantas medicinais há pelo menos 40 mil anos. Não há provas diretas, mas arqueólogos desconfiam que plantas do gênero Aneilema eram usadas para evitar a gravidez, enquanto a borragem provavelmente já era usada para amenizar os sintomas da tensão pré-menstrual nas mulheres e como afrodisíaco para os homens.


HOMOSSEXUALIDADE
Pesquisadores apontam que a atividade homossexual masculina e feminina é comum em mais de 200 espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos, o que poderia indicar que também era praticada pelos homens pré-históricos. Entre os grandes macacos, como chimpanzés e gorilas, também rola sexo entre animais do mesmo gênero.


SEXO SELVAGEM
A relação do homem pré-histórico com os animais era bem próxima – até demais! Há uma pintura rupestre de cerca de 3000 a.C., em Val Camonica, na Itália, que mostra um homem copulando com um asno! Já na Sibéria aparecem imagens de homens copulando com alces – em uma das pinturas, o homem está usando esquis nos pés enquanto transa com o bicho.


MULHER MELANCIA ANCESTRAL

Vênus de Willendorf



Os homens faziam estátuas eróticas que podem ser consideradas ancestrais da pornografia. A mais famosa é conhecida como Vênus de Willendorf: uma mulher de nádegas e peitos grandes com traços de corante vermelho, encontrada em uma região com traços de ocupação de até 40 mil anos atrás. Naquela época, a Europa vivia a Era Glacial, e as mulheres gordinhas teriam maior potencial de resistência, e por isso podem ter sido as gostosas da vez.


PAQUERA
Na hora da paquera, o homem pré-histórico já tinha à disposição cosméticos feitos de plantas, como a hena, usada nos cabelos. Sabe-se que extratos de beladona eram usados para dilatar as pupilas e, assim, chamar mais a atenção. Havia ainda pigmentos avermelhados, que destacavam partes da pele, e joias feitas de pedras, madeira ou dentes de animais.


CORPO A CORPO
Quando o homem virou bípede, o corpo passou a ter novos focos de atração sexual. Os peitos das mulheres, únicas fêmeas entre os primatas que têm seios permanentemente grandes, passaram a ser tão atrativos quanto a bunda. Assim, o ser humano passou a ser um dos poucos animais que fazem sexo cara a cara, enquanto outros bichos praticam o coito por trás.




Como era o sexo na Antiguidade?


Na Antiguidade, a prostituição era regulamentada, o divórcio começou a existir e havia até deuses do sexo! Os documentos da Idade Antiga, que vai de 4000 a.C. ao século 5 d.C. de acordo com a datação convencional, mostram curiosidades sobre a vida sexual de povos como gregos, romanos e egípcios. Os romanos, por exemplo, prezavam tanto o sexo que havia uma lei para desincentivar o celibato: a solteirice e a falta de filhos eram punidos, e as pessoas cheias de herdeiros tinham privilégios. Foi também na Idade Antiga que os conhecimentos científicos sobre o rala-e-rola começaram a se aprimorar com Hipócrates, considerado o pai da medicina. Os romanos também estudavam o corpo humano e já conheciam algumas doenças venéreas, como a gonorreia, termo cunhado por Galeno no século 2. Mesmo assim, algumas crendices sexuais bizarras permaneciam. Na Grécia, por exemplo, acreditava-se que o contato com uma mulher menstruada faria o vinho novo ficar azedo e faria as árvores não dar mais frutos.


À MODA ANTIGA
Prostituição e homossexualidade eram comuns, mas havia leis severas para punir abusos


CASAMENTO
Os gregos e romanos eram monogâmicos – no império de Diocleciano, em Roma, a bigamia foi declarada ofensa civil. Mas os grecoromanos descobriram que o amor não é eterno: foi nessa época que surgiu o divórcio. Na Roma arcaica, as mulheres adúlteras podiam ser condenadas à morte – isso só mudou após uma lei do imperador Augusto, que trocou a pena para o exílio.


POSIÇÕES
Em Roma, as posições sexuais apareciam em pinturas, mosaicos e objetos de uso cotidiano, como lamparinas, taças e até moedas. Em uma face, ficava a posição sexual, e, na outra, um número. Para alguns historiadores, as moedas eram fichas de bordel, e as posições com penetração tinham números maiores, indicando que poderiam ser mais valorizadas.


MASTURBAÇÃO
Nada de condenar o sexo solitário: na Grécia e na Roma antigas, a masturbação era vista como natural. No Egito, a masturbação era até parte do mito da criação. Um dos ditos piramidais afirma que Aton, o deus do Sol, teria criado o deus Shu e a deusa Tefnut através do sêmen de sua masturbação!


HOMOSSEXUALIDADE
Casais de homem com homem e mulher com mulher eram comuns na Grécia. Havia até mitos para explicar a origem da pederastia, a relação entre homens maduros e jovens: o primeiro dizia que Orfeu, um dos seres da mitologia grega, acabou se apaixonando por adolescentes depois que sua mulher, Eurídice, morreu. Outra lenda afirma que a pederastia começou com o músico Tamíris, que foi seduzido pelo belo Jacinto.


CIÊNCIA
O grego Hipócrates, pioneiro da medicina, achava que o útero poderia deslocar-se pelo corpo da mulher em busca de umidade e poderia chegar até o fígado! Mas ele também deu bolas dentro: calculou a duração da gravidez em 10 meses lunares (cerca de 290 dias do nosso calendário), tempo parecido com os 9 meses atuais, e prescreveu semente de cenoura como anticoncepcional e abortivo.


PAQUERA
Os galanteios dos romanos seguiam um manual: o livro A Arte de Amar, do poeta Ovídio, escrito entre 1 a.C. e 1 d.C. Entre as dicas dadas pelo escritor, estava o uso do goró: "O vinho prepara os corações e os torna aptos aos ardores amorosos". Ovídio também incentivava a galera a melhorar o visu: “Esconda os defeitos e, o quanto possível, dissimule suas imperfeições físicas".


NO TRIBUNAL
A legislação sexual da Roma antiga era polêmica! Eram puníveis com a morte: adultério cometido pela esposa, incesto e relação sexual entre uma mulher e um escravo. No estupro, a punição sobrava até para a vítima – se não gritasse por socorro, a virgem poderia ser queimada viva! Entre as penas leves, estava a apreensão de propriedades de quem fizesse sexo anal. No Egito, o adultério era mau negócio: os homens eram castrados e as mulheres ficavam sem o nariz.


PROSTITUIÇÃO
Regras para sexo pago eram diferentes na Grécia e em Roma


GRÉCIA
As moças da vida não eram todas iguais – elas seguiam uma hierarquia. A maioria delas era escrava, mas havia também mulheres vendidas aos bordéis pelos pais ou irmãos.


CLASSE ALTA
Prostitutas de primeira classe, com treinamento intelectual e cultural.


CLASSE MÉDIA
Tocadoras de flauta e dançarinas, especialistas em ginástica e sexo oral. Eram imigrantes.


CLASSE BAIXA
Vendidas pela família, ganhavam mal e tinham poucos direitos.


ROMA
Registradas e pagadoras de impostos, as prostitutas se vestiam com tecidos floridos ou transparentes, e, por lei, não podiam usar a estola, veste das mulheres livres, nem a cor violeta. Os cabelos deviam ser amarelos ou vermelhos. O lugar mais comum de trabalho delas era sob arcos arquitetônicos: a palavra fornicação vem do latim fornice, que significa arco.


por Marina Motomura e Gabriel Silveira
Postado em: Café História / http://cafehistoria.ning.com/group/ahistriadosexo

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Homenagem ao Professor Cléo Bonotto - TRE RS


Homenagem prestada pela Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul ao Professor Cléo Adriano Sabadi Bonotto, pela contribuição intelectual nos estudos sobre a morte de Moyses Vianna.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cine Clio - Programação




07 de Maio 
Local: Estação do Cinema
Sábado - 20 Horas
Durval Discos de Anna Muylaer
Brasil, 2002




Durval (Ary França) e sua mãe Carmita (Etty Fraser) vivem há muitos anos na mesma casa onde funciona a loja Durval Discos, que já foi muito conhecida no passado mas hoje vive uma fase de decadência devido à decisão de Durval em não vender CDs e se manter fiel aos discos de vinil. Para ajudar sua mãe no trabalho de casa Durval decide contratar uma empregada. O baixo salário acaba atraindo Célia (Letícia Sabatella), uma estranha candidata que chega junto com Kiki (Isabela Guasco), uma pequena garota. Após alguns dias de trabalho Célia simplesmente desaparece, deixando Kiki e um bilhete avisando que voltaria para buscá-la dentro de 3 dias. Durval e Carmita ficam surpresos com tal atitude, mas acabam cuidando da garota. Até que, ao assistir o telejornal, mãe e filho ficam cientes da realidade em torno de Célia e Kiki.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cine Clio


Aconteceu no dia 23 de abril de 2011 o lançamento no Rio Grande do Sul do filme "Vítimas", baseado no conto do autor João do Rio "A Aventura de Rosendo Moura".


A estreia aconteceu no Cine Clio, sendo escolhido por seu projeto social, a partir de uma parceria com a URI - Universidade comunitária que tem como grande compromisso social o alavancar do desenvolvimento regional, a formação de pessoal ético e competente, inserido na comunidade regional. Os responsáveis por esse projeto cineclubista são Rosangela Montagner e Rafaela Martins.


O CineClio é associado ao CNC (Conselho Nacional de Cineclubes) e a FECIRS (Federação de Cineclubes do Rio Grande do Sul), além de ter sido contemplado pelo Programa Cine Mais Cultura do Ministério da Cultura.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cine Clio


Lançamento no CineClio
Contamos com sua presença!

O CineClio: CineClube Santiaguense vem através deste convidar para a sessão de lançamento das obras cinematográficas “Vitimas” de João de Freitas e "FORA DE VALIDADE” de Guilherme Cassel Bitencourt.
A exibição será no próximo sábado dia 23 de abril. Às 20 horas. Na Estação do Cinema junto a Estação do Conhecimento. 

Convidado Especial: Felipe Cartier, Ator e jornalista natural da cidade de Santa Maria – RS, radicado no Rio de Janeiro. O mesmo está protagonizando o filme VÍTIMAS produzido pela Teia Mídia Filmes - RJ e o filme  FORA DE VALIDADE produzido pela Imagem Produtora - SM/RS. 
             

 “VÍTIMAS”, de João de Freitas uma adaptação do conto “A Aventura de Rosendo Moura”. Sinopse: No sentido geral, aborda o ser humano e as consequências de seus atos. Assim como, de ações praticadas por terceiros ou que ocorrem por força do acaso. Todos acabam dependentes entre si. Todos são vítimas de seus próprios desejos, de suas próprias escolhas” afirma o diretor.


 “Fora de Validade de Guilherme Cassel Bitencourt, Sinopse: tem como tema: sequestro e cárcere privado, baseado no roteiro homônimo de Suig Laran. A ficção conta à história do personagem Cláudio Ribeiro, vivido pelo ator Felipe Cartier, que é sequestrado e passa a sofrer maus-tratos físicos e moral. “Fora de Validade” faz referência ao Artigo 148 do Código Penal Brasileiro “Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado”. “Fora de Validade” foi gravado em dois dias, com uma equipe de 13 pessoas, além do elenco.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Homenagem enviada por Selvino Heck ao Mestre Cléo Bonotto

CLÉO BONOTTO, MAIS UM
                                                                                 

Em homenagem e memória

            Final de tarde, chego em casa em Brasília, faço um mate, vou ler os jornais. Abro a Zero Hora e deparo com a manchete: “Professor universitário perde a vida em acidente”,  com a foto de Cléo Bonotto, professor de História e Direito da Universidade Regional Integrada (URI) de Santiago, Rio Grande do Sul: “Ele estava morto, no seu carro, em um matagal às margens da BR-287, em Santiago, a 30 metros da via, depois de uma semana desaparecido”. Um choque, mais um choque depois de vários semelhantes sofridos nos últimos anos: mortes de gente querida, companheiros e companheiras, muitos de pouca idade, por acidente, doenças inesperadas e coisas assim.

Na verdade, conheci pouco o Cléo, mas também o conheci muito. Muitos anos atrás encontrava seu pai, Ivo, nas andanças e lutas Rio Grande do Sul afora, ele participante da Comissão Pastoral da Terra. Acho que encontrei pessoalmente o Cléo uma única vez, longe, longe, muito longe, no Fórum Social Mundial em Belém, dois, três anos atrás, ele todo feliz por me encontrar e conhecer ali, no meio do povo, no fervo de milhares de pessoas na abertura do Fórum. Conversamos muito, ele muito agradecido por tudo que acontecera em sua vida e minha (pequena) contribuição.

 Mas no primeiro semestre de 2008 correspondemo-nos muito e seguidamente, sempre por meios eletrônicos. Escrevi um artigo no início de 2009, onde dizia: “Por outro lado, não posso me queixar. Foi um ano (2008) em que comecei a entrar para a história, talvez muito cedo. No primeiro semestre, numa tese de Cléo Bonotto sobre a história da Teologia da Libertação no Rio Grande do Sul, Frei Arno e eu aparecemos como personagens importantes.” A dissertação, defendida no Mestrado de Integração Latino-americana da Universidade Federal de Santa Maria, RS, intitula-se “Tendo a Cruz por Bandeira: Movimentos religiosos contra-hegemônicos na América Latina inspirando as Histórias da Formação e a Prática de Agentes religiosos em Movimentos populares no Rio Grande do Sul (1970-1980)”.

            Na dissertação, Cléo tem “por objetivo compreender os processos de formação e atuação de mediadores religiosos que se engajaram em movimentos sociais no fim da década de 1970 e início da década de 1980, no Estado do Rio Grande do Sul. Tendo em vista que, em plena ditadura militar, na ausência de sindicatos e de partidos políticos atuantes que expressassem os interesses das classes populares, reprimidos ou cooptados pelo regime ditatorial, outras organizações da sociedade civil ocuparam esse espaço, algumas dessas organizações tomaram parte ativa nos conflitos e colocaram-se a serviço das classes populares.”

            Esse foi um período histórico rico e inovador, que formou as bases do Brasil de hoje, com sua democracia em consolidação, seus movimentos sociais de forte presença e atuação, seus governos comprometidos com a mudança e o povo trabalhador. Cléo aborda “as transformações ocorridas na Igreja católica durante a segunda metade do século XX, principalmente com o advento da Teologia da Libertação. No que se refere à formação, analisou-se o papel do Centro de Orientação Missionária (COM), em Caxias do Sul, no que diz respeito às suas relações com a Igreja institucional e com a formação teórica de lideranças e a organização de movimentos populares. Buscou-se compreender o papel da formação inserida em comunidades populares, estudando o pioneirismo dos franciscanos na Lomba do Pinheiro, na periferia de Porto Alegre. E examino a participação de religiosos na gênese do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra no Rio Grande do Sul”.

            Entro na dissertação via Lomba do Pinheiro, junto com o frade franciscano, já falecido, Frei Arno Reckziegel, eu então também frei franciscano, ambos moradores deste conjunto de vilas populares na periferia de Porto Alegre e Viamão. Segundo Cléo, é “o pioneirismo franciscano na Lomba do Pinheiro: A vida no meio do povo, reaprendendo a ler a Bíblia”.

                        Segundo ele, “a Lomba do Pinheiro serviu como uma espécie de laboratório para a Ordem Franciscana do Rio Grande do Sul, sendo constantemente avaliada pela Província, e serviu de exemplo para outros grupos de religiosos e de leigos na inserção em comunidades mais pobres. Para isso, morava-se como e com os pobres, não se dependia deles para a própria sobrevivência, trabalhava-se, nem eram mantidas grandes estruturas que pudessem atrapalhar o trabalho de base. Neste sentido, ‘as CEBS, as pequenas comunidades, os grupos de reflexão da Bíblia caíam bem, iam além do oficialismo ou da doutrina, assim como permitiam a participação direta do povo na reflexão e na organização, o que se poderia dizer que era a Teologia da Libertação posta em prática, vivida’ (Relato de Frei Arno Reckziegel, 2007).”

            No meu depoimento, dado em 2007, digo que “morar na Lomba a partir da segunda metade dos anos setenta foi o primeiro contato direto e regular com a classe trabalhadora, mas não como alguém de fora, mas sim como alguém que participava junto, morava junto, sofria os mesmos problemas de transporte, saneamento, falta de estrutura, etc.”

            Escreve Cléo: “A participação dos religiosos na organização das lutas populares na periferia estava baseada no papel de mediadores que desempenhavam a ligação entre uma nova maneira de encarar a religiosidade e a reflexão sobre os problemas concretos da realidade das comunidades e a partir daí incentivavam a organização popular e a formação de lideranças, ‘incentivavam o povo a lutar e a participar destas organizações, ou criar novas. Criou-se a partir daí a União de Vilas da Lomba do Pinheiro, com um jornal próprio e com uma articulação para juntar as diferentes necessidades e levá-las ao poder público ou às empresas de ônibus, por exemplo’ (Depoimento de Selvino Heck, 2007)”.

Cléo Bonotto captou o espírito e a mística de uma época, fazendo um painel do período e entrevistando alguns dos seus principais personagens no Rio Grande do Sul, como o Ir. Antônio Cechin, frei Sérgio Görgen, Celso Gayger, padres Irineu Stertz e Carlos Menegais, Irmã Terezinha Hoffmann,  Ivo Bonotto, João Damian, entre tantos e tantas que ajudaram a escrever esta história em meio à ditadura e a luta por democracia e direitos, em especial dos pobres e trabalhadores. 

            Não sei se é porque estou chegando aos sessenta este ano, ou se as mortes são cada vez mais estúpidas e inexplicáveis, mas a dor da perda é cada vez maior. Cléo Bonotto tinha apenas 29 anos, um guri na flor da idade. Fez muito e podia fazer ainda muito. E segundo descobri na Internet, todos o adoravam como professor, como amigo, como companheiro. Há que se cuidar da vida, do vento, de quem nos rodeia, do planeta.

Selvino Heck
Assessor Extraordinário da Secretaria Geral da Presidência da República
Em catorze de abril de dois mil e onze  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Cléo Adriano Sabadi Bonotto...Querem conhecê-lo?

Depoimento de Cátia Bonotto, nossa colega e irmã do nosso querido Cléo:

Pois vou contar para vocês, eu me chamo Cátia Bonotto e sou a irmã dele quero que conheçam um pouco de sua história. Nossa família é de Ernesto Alves somos em três irmãos a Letícia, eu e o Cléo.

Um fato que marcou minha infância foi que aos seis anos de idade ele e minha mãe foram pra Santiago, e foram no mercado e lá ele viu uma boneca e insistiu para que comprasse a boneca para mim. Tínhamos pouca diferença de idade, e isso me surpreendeu, quando a tarde chegaram pelo ônibus com o presente para mim, minha mãe disse que foi quem quis trazer aquele presente, e isso me marcou muito, pois ele sempre pensava em nós antes de pensar em si mesmo, ele poderia ter pedido um brinquedo para ele, e ate hoje eu tenho a boneca devido a grandeza do gesto, e nunca esqueci o que ele fez.

E assim foi na infância e na adolescência ele sempre teve muito cuidado comigo e com a nossa irmã. Quando fez o vestibular e começou estudar e me disse: Assim que eu me formar, trabalhar e vou te colocar na universidade, eu disse: Eu não quero! Ele insistiu... Passou o tempo se formou em História e começou a trabalhar, uma das primeiras coisas que ele fez foi me colocar dentro da universidade pagando para eu poder estudar, pois eu não tinha condições financeiras para pagar meus estudos, e ele também passou muita dificuldade para estudar, e por isso desejava que eu tivesse melhores condições de vida. Um dos sonhos dele era formar eu e minha irmã.

Outro fato bastante relevante foi quando estava na universidade federal de Santa Maria onde fez mestrado em Ciência Política, ele pegou boa parte de suas roupas e cobertores e dou para os sem teto, o interessante é que nem tinha dinheiro para comprar outras, minha mãe disse e agora Cléo? Até teu cobertor tu doaste e ele disse: Mãe eles tem menos que nós. Ele nunca se importou com bens materiais, defendia os mais humildes, tinha ideologia, lutava por aquilo que acreditava, enfim era um conquistador. Fez vários trabalhos acadêmicos, muitos deles reconhecidos internacionalmente, pois recentemente ganhou prêmios com o trabalho...

Esse cara era meu irmão, uma pessoa que acreditava num mundo mais justo, que defendia a ideia que sonhava em ter um país mais politizado, e tudo o que vivo hoje devo a ele, ele me devolveu a vontade de viver.

Um jovem de coragem que falava o que pensava. Por isso afirmo Cléo eu sinto orgulho de tudo o que você fez em tão pouco tempo que viveu em nosso convívio, e tudo aquilo que você insistia para eu ser e fazer vou tentar fazer da melhor forma possível, me perdoa se não valorizamos o teu trabalho o quanto deveríamos, mas saiba que Eu Te Amo, sinto muito orgulho de você meu irmão, meu professor, amigo e companheiro das horas difíceis.

Sua memória não será esquecida, eu te prometo. Você sai da vida para entrar na história.


Cátia Luzia Bonotto




Cleó foi um guerreiro e deixou marcas profundas por onde passou, a saudade fica mas o orgulho de ter feito parte de sua história continua dentro de cada um de nós.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Luto...Cléo, saudades eternas!

Cheguei hoje de viagem...eram 10h quando desembarquei na rodoviária de Santa Maria...eu tinha algumas horas até pegar o próximo ônibus de Santa Maria para Santiago. Saudades de casa, apesar dos momentos imensamente felizes vividos em São Paulo com o tio Ananias e tia Catarina. Liguei para a minha mãe...trocadas algumas palavras, ela me conta a última coisa que eu queria ouvir nessa vida: o trágico falecimento do Cléo. Minha voz sumiu na mesma velocidade em que meus olhos não controlavam as lágrimas, o choro incontido tomou conta de mim. Eu estava sozinha. Haviam muitas pessoas circulando pelo terminal rodoviário, mas nunca me senti tão só. Fez bem a mãe em me contar...mesmo que por telefone...pois eu iria saber, ali na rodoviária mesmo, do acontecimento: todos os jornais do dia, infelizmente, destacavam a notícia. Era impossível não ver...estavam nas vitrines da revistaria. O que dizer depois de tudo que vivi junto ao Cléo? Tudo se resume numa imensa dor...numa confusão interior, numa tentativa de explicar o inexplicável. Eu e o Cléo Bonotto vivemos uma história de amor por longos e felizes 6 anos...quem conviveu conosco naquela época, sabe bem do que estou falando. Nosso destino como um casal foi interrompido por circunstâncias, fatos, coisas da vida. O tempo passou e nos reaproximamos, sem mágoas, sem rancores e com uma amizade ainda mais reforçada e repleta de respeito mútuo...e não estou escrevendo isso aqui porque o Cléo já não está entre nós...o que falo aqui são fatos reais, nos tornamos amigos mesmo. Não amigos de festas e drinks (pra isso, tem vários, os mesmos que somem na hora de ajudar de verdade!), mas amigos para conversas, para brigar pelas ideias que defendíamos ou para brigar com nossas ideias e fazer as pazes depois. Por fim, desde o ano passado, eu e o Cléo estávamos, mais uma vez, a convite da profª Rosane Vontobel, unidos em nosso trabalho como co-orientadores de dois grandes projetos da URI: o Museu das Comunicações e o Santiago do Boqueirão, seus poetas quem são? Tínhamos vários planos e metas de trabalho para 2011. Iniciava assim, uma relação profissional forte e bem constituída. Aprendi a amar o Cléo, não mais como o cara com o qual namorei e sonhei que fosse o pai de meus filhos, mas o ser humano Cléo, a pessoa Cléo. O sonhador Cléo. O intelectual Cléo. O Cléo por ele mesmo.


Hoje, depois das 10h da manhã, meu coração vestiu-se de preto. Meu rosto já não suporta tantas lágrimas. Não sei o que dizer e nem o que pensar. Não quero ser 'mulher maravilha' agora...preciso sentir essa falta, essa tristeza. Cléo...obrigado pela pessoa que me tornei quando estava junto contigo, em todas as dimensões: a mulher Lígia, a profissional Lígia, o ser humano Lígia. Sentirei falta de tudo que não vivemos juntos. Sentirei falta de ti. Te guardarei em meu coração, pois jamais morrem aqueles que guardamos no lado esquerdo do peito. Luz e paz em tua jornada rumo a novos horizontes. Leva contigo só as lembranças felizes e voa bem alto, nos inspirando para olharmos pra cima e tentarmos ser pessoas melhores, dia após dia.



Palavras da Professora Lígia Rosso http://ligiarosso.blogspot.com/




segunda-feira, 11 de abril de 2011

Homenagem ao Professor Cleo Bonotto

A professora Rafaela Martins, amiga, colega e aluna do Professor Cléo deixa a ele sua bela homenagem:

Professor, amigo e irmão. O cara que brigava, se preocupava, que fez eu me apaixonar pela pesquisa em História, que estava sempre planejando alguma coisa, que precisa de cuidado e que a gente tinha necessidade em cuidar.
Apaixonado pela história oral, por registrar as memórias daqueles que não apareciam na história oficial, quem mais teria a idéia de estudar sobre os “bandidos” em Santiago, quem teria a coragem de trazer uma exposição sobre direitos humanos e palestrantes para falar sobre o período da ditadura civil militar no Brasil, sem receio algum.
Quem sairia de Ernesto Alves passaria necessidades para estudar em Santa Maria, morar na casa de estudantes e junto com os colegas dar abrigo ao Uruguaio Alejandro que por incompreensão dos brasileiros não teria direito a morar lá.
Que mesmo antes do fim do mestrado iniciou a carreira de mestre na URI, universidade onde foi acadêmico, bolsista e professor.
Quem se perderia na Argentina e mesmo assim amava o país vizinho e estava sempre pronto a participar de seminários, pronto a ir apresentar suas pesquisas e quem podia ele levava junto colocava os nomes dos alunos para que nós tivéssemos publicações para que quando chegasse nossa hora fosse fácil entrar em um mestrado.
Quem mais traria muda e sementes escondidas no ônibus lá do Pará para plantar no pátio da Casa de Pedra em Ernesto Alves.
Meu irmão eu vou seguir, agora não só por mim, mas por todas as coisas que me falava e que muitas vezes não dei valor. Com a ajuda dos alunos e ex-alunos da História e de teus amigos de mestrado seguiremos os teus projetos, as pesquisas em que estava trabalhando.
E guardaremos sim a imagem boa do professor e amigo que o seu Ivo me falou!
Mesmo na sua despedida nos mostrou novas culturas e o céu lindo de Ernesto Alves que estava estrelado como nunca vi!
Realizou tantas coisas, ajudou a tantos durante esses 29 anos que só deixou orgulho em quem teve a oportunidade de conhecer o Cléo, o maninho Cléo, o amigo Cléo, o professor Cléo!



Rafaela Martins 



Cléo mostrou que sonhos e aspirações podem sim tornar-se realidade. Ele deixa seu legado, sua força e paixão em cada atividade.

Obrigado Mestre!

LUTO

A dor que está em nossos corações não será facilmente acalentada. A morte do nosso professor Cleo Adriano Sabadi Bonotto chocou a todos e deixou um enorme vazio em todos.
Um jovem ainda, 29 anos, cheio de planos e projetos, com um futuro promissor e brilhante, se não já um presente assim.


Descanse em paz nosso Mestre, Colega e Amigo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Repostagens - Eduardo Bueno no Programa do Jô

Exatamente no dia da ''independência'' do Brasil, o jornalista, escritor, Gremista e, por obsessão historiador, Eduardo Bueno foi o entrevistado da noite no Programa do Jô.
Com mais de 20 livros escritos sobre História, em principal sobre a História do Brasil, Eduardo Bueno conquista a atenção do leitor pela contextualização de suas obras, onde teve a entrevista como objetivo central o lançamento de seu mais no livro, Brasil: Uma História - Cinco séculos de um país em construção, editora Leya.


A facilidade que o autor demonstra em reconstruir a História em suas obras compete a dedicação aplicada por Eduardo a temas da sociedade brasileira em geral.
Logo abaixo a entrevista em três partes diretamente o YouTube.

Parte 1



Parte 2



Parte 3

sexta-feira, 25 de março de 2011

Grigori Rasputin - Parte I






Grigoriy Yefimovich Rasputin nascido em Pokrovikoie, Sibéria, no dia 22 de janeiro de 1869. Conhecido e popularizado místico desde a infância como no caso do político russo Stolypin, quando ao passar de carruagem pelo jovem Grigoriy ainda criança na estrada, Rasputin o acenou e o alertou que a morte se aproximava: "A morte é para você, a morte está se aproximando!". Tal como havia dito aconteceu, Stolypin padeceu no dia seguinte vitimado por disparos de arma de fogo. Cresceu em uma localidade que ao mesmo tempo em que contemplava festas com mulheres, muita vodca e brigas também havia o espaço para a religiosidade, onde ali perto, em uma igraje estavam depositados os restos mortais de São Simão.

Aos dezoito anos, Grigori Rasputin teve um encontro com o bispo de Barnaull. Em seguida, inesperadamente, passou a interessar-se por religião e decidiu viajar ao mosteiro de Verkhoture. Pouco tempo depois começa a seguir as doutrinas da seita Khlysty Muito famoso com as mulheres, Rasputin tinha fama de pervertido, depravado e tarado.

Pouco tempo depois retorna à terra natal e casa-se com uma jovem chamada Praskovia Fyodorovna. Este matrimônio rendeu três filhos ao casal: Dimitri, Maria e Varvara, nascidos em 1897, 1898 e 1900, respectivamente (outras fontes especulam quatro filhos do casal). Porém, o casamento foi breve e Rasputin abandonou o lar.

Vagou pelo mundo, principalmente em locais ditos como santos e de peregrinações, Monte Athos, Jeruzalém, Grécia. Mesmo a sua passagem pelo mosteiro de (Flagelantes), que pregava a salvação vinda do pecado, principalmente o pecado da carne. "Se para a salvação do espírito é necessário o arrependimento, e para o arrependimento é preciso o pecado. Então o espírito que quer ser salvo, deve começar a pecar o quanto antes".Verkhoture sendo curta, e sem receber qualquer tipo de treinamento espiritual, as pessoas passam a considerá-lo com poderes especiais como a cura de enfermos e previsões do futuro, onde passaram a considerá-lo um sábio religioso.

Em pouco tempo Rasputin ficou conhecido como "homem santo", onde fiéis a procura de milagres o procuravam e lhe ofertavam comida, roupas e dinheiro. Ficou conhecido em boa parte da Europa Central. Rasputin contava que, um dia, arando as terras, recebeu uma revelação divina. Surgiu-lhe um anjo que entoou um canto místico e lhe atribuiu a missão espiritual de ajudar os necessitados.

Sua importância religiosa se torna tanta que chega a causar preocupação a alguns religiosos locais, onde conta-se que o Monge Iliodor, um de seus opositores chegou a mandar à casa de Rasputin uma mulher (prostituta) com o intuito de matá-lo, onde quase teve êxito, a mulher esfaqueou Grigori que sobreviveu ao ataque.

Esta é somente a primeira parte da vida dessa intrigante figura histórica, que foi santificado por alguns, amado por algumas e odiado por outros.

terça-feira, 22 de março de 2011

Diretório Central dos Estudantes - URI Stgo


Motivados pelo desejo da representação de seus interesses frente à Instituição a qual pertencem, os acadêmicos da URI Santiago reuniram-se em prol de um único ideal: a criação do Diretório Central de Estudantes (DCE). O DCE, por sua vez, é a entidade o qual possui a capacidade de impulsionar às reivindicações e a organização destes estudantes, valorizando a opinião individual, a democracia, a transparência e a seriedade.
Dessa forma, reuniram-se nesta segunda-feira, dia quatorze de março, nas dependências da nossa Universidade, os representantes dos Cursos que fazem parte da desta instituição, fazendo-se presentes, também, os presidentes dos Diretórios Acadêmicos já eleitos para escolherem, provisoriamente, seu representante discente, no intuito de garantir representatividade frente à Instituição. Candidataram-se as acadêmicas Renata Aquino, presidente do Diretório Acadêmico de Direito e Gabriela Fávero Alberti, presidente do Diretório Acadêmico de Enfermagem.
Assim, elegeu-se a candidata Gabriela Fávero Alberti para representante discente da URI Campus Santiago através de eleição democrática e por voto secreto. Ressalta-se, ainda, que se consta em ata este acontecimento além de algumas considerações de interesse acadêmico, sendo estas que será prioridade desta gestão a elaboração do estatuto que rege o Diretório Central de Estudantes bem como o incentivo para a organização dos Diretórios Acadêmicos aos cursos que ainda não possuem.
O primeiro passo, talvez o mais longo dos passos, está dado. Iniciaremos este ano priorizando a elaboração do Estatuto que nos rege, que nos regulamenta como DCE, mas sem deixar de lado algumas questões de necessidade para cada Curso. Portanto, nós acadêmicos que continuamos na luta para a efetivação do DCE, convidamos os Cursos que ainda não possuam Diretório Acadêmico que façam parte dessa luta junto conosco. O bom êxito de qualquer movimento estudantil dependerá da colaboração e comprometimento de todos nós, estudantes.



Matéria retirada do site da URI Santiago

Reflexos - I Mostra de Direito à Memória e à Verdade – A Ditadura no Brasil

A "I Mostra de Direito à Memória e à Verdade – A Ditadura no Brasil" decorrida com seus paineis que informaram sobre as falsas liberdades ou total falta delas em um Brasil não tão distantes que mantém suas memórias vivas e sigilosas. Para todos que compareceram aos corredores do prédio 9 da URI - Campus de Santiago - RS, e em seus debates, palestras e testemunhos ocorridos no salão de atos, ficou demonstrado como é grande o desconhecimento da sociedade brasileira perante tal assunto (desconhecimento ou falta de reflexão). Nosso notável atraso sociocultural foi muito bem representado pela castração sofrida na educação da época, que percorre aos dias atuais, com as intelectualidades anuladas e tendo em seus lugares técnicas manuais (técnicas domésticas, artes, educação física...), e claro a mais admirável de todas Educação Moral e Cívica.

As diferenças culturais se monstram presentes no contexto sul-americano, Argentina, Chile e Uruguai, que também viveram tempos difícil com ditaduras repressivas e violentas, tornaram públicos seus documentos, e a responsabilidade das muitas atrocidades estão sendo referidas e julgadas. A História ainda é presente, seus personagens ainda vivem e mas sociedade alienada brasileira em seu comodismo nada representa para que sejam abertos os arquivos da ditadura.


Deixo um link sobre os arquivos encontrados sobre a ditadura no Paraguai, onde quase nenhum documento foi destruído ou danificado e seu acesso é livre e está ajudando a mudar a mentalidade política do país. Um ótimo texto publicado no Café História.
Para acessá-lo clique AQUI.


Deixo os parabéns para o professor do curso de História da URI - Campus de Santiago - RS Cléo Bonotto e a acadêmica e estagiária de extensão Ângela Ribeiro, pelos incansáveis esforços para que a mostra fosse possível.

terça-feira, 15 de março de 2011

I Mostra de Direito à Memória e à Verdade – A Ditadura no Brasil

Quem transita pelos corredores da URI, mais especificamente no prédio 9, se defronta a uma exposição que remonta aos tempos da ditadura no Brasil. Essa exposição tem como objetivo recuperar e divulgar o período da ditadura militar vividos em nosso país, 1964-1985, por meio da exposição de fotos que registram um passado marcado pela violação dos direitos humanos. Ícones de nossa cultura, exemplos claros de abusos à democracia são exemplos marcantes na exposição.
A repressão demonstrada nos banners, onde manifestantes
reunião-se aos milhares demonstrava o crescimento das ideias intelectuais do brasileiro nas décadas de 60 e 70. Repressões ocorreram em todos os locais, até mesmo em nossa inerte cidade.
Pensando pelo lado da intelectualidade das novas gerações brasileiras, nos deparamos com o atraso causado por uma educação sistemática que privava seus educandos de qualquer pensamento crítico, o que comprova a tese onde se afirma que a manipulação popular se faz pela falta de conhecimento de seu meio.

Lutamos para que nossa história não seja esquecida, o esquecimento faz o homem repetir os mesmos erros.


Exemplo da força pensante da época, Chico Buarque de Holanda, driblava a censura com suas palavras.

Cálice

Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)

Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cale-se!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cale-se!)
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cale-se!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cale-se!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cale-se!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cale-se!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cale-se!)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

... Moacyr Scliar ...1937 - 2011

Nossa homenagem na transcrição de um conto extraído do livro A História da Cidadania, organizado por Jaime e Carla Pinsky.

O Nascimento de um Cidadão

Moacyr Scliar

Para renascer, e às vezes para nascer, é preciso morrer, e ele começou morrendo. Foi uma morte até certo ponto anunciada, precedida de uma lenta e ignominiosa agonia. Que teve início numa sexta-feira. O patrão chamou-o e disse, num tom quase casual, que ele estava despedido: contenção de custos, você sabe como é, a situação não está boa, tenho que dispensar gente.

Por mais que esperasse esse anúncio, que na verdade até tardara um pouco, muitos outros já haviam sido postos na rua – foi um choque. Afinal, fazia cinco anos que trabalhava na empresa. Um cargo modesto, de empacotador, mas ele nunca pretendera mais: afinal, mal sabia ler e escrever. O salário não era grande coisa, mas permitira-lhe, com muito esforço, sustentar a família, esposa e dois filhos pequenos. Mas já não tinha salário, não tinha emprego – não tinha nada.

Passou no departamento de pessoal, assinou os papéis que lhe apresentaram, recebeu seu derradeiro pagamento, e, de repente, estava na rua. Uma rua movimentada, cheia de gente apressada. Gente que vinha de lugares e que ia para outros lugares. Gente que sabia o que fazer.

Ele, não. Ele não sabia o que fazer. Habitualmente iria para casa, contente com a perspectiva do fim de semana, o passeio no parque com os filhos, a conversa com os amigos. Agora, a situação era outra. Como poderia chegar em casa e contar à mulher que estava desempregado? À mulher, que se sacrificava tanto, que fazia das tripas coração para manter a casa funcionando? Para criar coragem, entrou num bar, pediu um martelo de cachaça, depois outro e mais outro. A bebida não o reconfortava; ao contrário, sentia-se cada vez pior. Sem alternativa, tomou o ônibus para o humilde bairro em que morava.

A reação da mulher foi ainda pior do que ele esperava. Transtornada; torcia as mãos e gritava angustiada, o que é que vamos fazer, o que é que vamos fazer. Ele tentou encorajá-la, disse que de imediato procuraria emprego. De imediato significava, naturalmente, segunda-feira; mas antes disto havia o sábado e o domingo, muitas horas penosas que ele teria de suportar. E só havia um jeito de fazê-lo: bebendo. Passou o fim de semana embriagado. Embriagado e brigando coma mulher.

Quando, na segunda-feira, saiu de casa para procurar trabalho, sentia-se de antemão derrotado. Foi a outras empresas, procurou conhecidos, esteve no sindicato; como antecipara, as repostas eram negativas. Terça foi a mesma coisa, quarta também, e quinta, e sexta. O dinheiro esgotava-se rapidamente, tanto mais que o filho menor, de um ano e meio, estava doente e precisava ser medicado. E assim chegou o fim de semana. Na sexta à noite ele tomou uma decisão: não voltaria para casa.

Não tinha como fazê-lo. Não poderia ver os filhos chorando, a mulher a mirá-lo com ar acusador. Ficou no bar até que o dono o expulsou, e depois saiu a caminhar, cambaleante. Era muito tarde, mas ele não estava sozinho. Nas ruas havia muitos como ele, gente que não tinha onde morar, ou que não queria um lugar para morar. Havia um grupo deitado sob uma marquise, homens, mulheres e crianças. Perguntou se podia ficar com eles. Ninguém lhe respondeu e ele tomou o silêncio como concordância. Passou a noite ali, dormindo sobre jornais. Um sono inquieto, cheio de pesadelos. De qualquer modo, clareou o dia e quando isto aconteceu ele sentiu um inexplicável alívio: era como se tivesse ultrapassado uma barreira, como se tivesse se livrado de um peso. Como se tivesse morrido? Sim, como se tivesse morrido. Morrer não lhe parecia tão ruim, muitas vezes pensara em imitar o gesto do pai que, ele ainda criança, se atirara sob um trem. Muitas vezes pensava nesse homem, com quem nunca tivera muito contato e imaginava-o sempre sorrindo (coisa que em realidade raramente acontecia) e feliz. Se ele próprio não se matara, fora por causa da família; agora, que a família era coisa do passado, nada mais o prendia à vida.

Mas também nada o empurrava para a morte. Porque, num certo sentido, era um morto-vivo. Não tinha passado e também não tinha futuro. O futuro era uma incógnita que não se preocupava em desvendar. Se aparecesse comida, comeria; se aparecesse bebida, beberia (e bebida nunca faltava; comprava-a com esmolas. Quando não tinha dinheiro sempre havia alguém para alcançar-lhe a garrafa). Quanto ao passado, começava a sumir na espessa névoa de um olvido que o surpreendia – com esqueço rápido as coisas, meu Deus – mas que não recusava; ao contrário, recebia-o como uma bênção. Como uma absolvição. A primeira coisa que esqueceu foi o rosto do filho maior, garoto chato, sempre a reclamar, sempre a pedir coisas. Depois, foi o filho mais novo, que também chorava muito, mas não pedia nada – ainda não falava. Por último, foi-se a face devastada da mulher, aquela face que um dia ele achara bela, que lhe aquecera o coração. Junto com os rosto, foram os nomes. Não lembrava mais como se chamavam.

E aí começou a esquecer coisas a respeito de si próprio. A empresa em que trabalhara. O endereço da casa onde morara. A sua idade – para que precisava saber a idade? Por fim, esqueceu o próprio nome.

Aquilo foi mais difícil. É verdade que, havia muito tempo, ninguém lhe chamava pelo nome. Vagando de um lado para outro, de bairro em bairro, de cidade em cidade, todos lhe eram desconhecidos e ninguém exigia apresentação. Mesmo assim foi com certa inquietação que pela primeira vez se perguntou: como é mesmo o meu nome? Tentou, por algum tempo se lembrar. Era um nome comum, sem nenhuma peculiaridade, algo como José da Silva (mas não era José da Silva); mas isto, ao invés de facilitar, só lhe dificultava a tarefa. Em algum momento tivera uma carteira de identidade que sempre carregara consigo; mas perdera esse documento. Não se preocupara – não lhe fazia falta. Agora esquecia o nome... Ficou aborrecido, mas não por muito tempo. É alguma doença, concluiu, e esta explicação o absolvia: um doente não é obrigado a lembrar nada.

De qualquer modo, aquilo mexeu com ele. Pela primeira vez em muito tempo – quanto tempo? Meses, anos? – decidiu fazer alguma coisa. Resolveu tomar um banho. O que não era habitual em sua vida, pelo contrário: já não sabia mais a quanto tempo não se lavava. A sujeira formava nele uma crosta – que de certo modo o protegia. Agora, porém, trataria de lavar-se, de aparecer como fora no passado.

Conhecia um lugar, um abrigo mantido por uma ordem religiosa. Foi recebido por um silencioso padre, que lhe deu uma toalha, um pedaço de sabão e o conduziu até o chuveiro. Ali ficou, muito tempo, olhando a água que corria para o ralo – escura no início, depois mais clara. Fez a barba, também. E um empregado lhe cortou o cabelo, que lhe chegara aos ombros. Enrolado na toalha, foi buscar as roupas. Surpresa:

- Joguei fora – disse o padre. – Fediam demais.

Antes que ele pudesse protestar, o padre entregou-lhe um pacote:

- Tome. É uma roupa decente.

Ele entrou no vestiário. O pacote continha cuecas, camisa, uma calça, meias, sapatos. Tudo usado, mas em bom estado. Limpo. Ele vestiu-se, olhou no espelho. E ficou encantado: não reconhecia o homem que via ali. Ao sair, o padre, de trás de um balcão, interpelou-o:

- Como é mesmo o seu nome?

Ele não teve coragem de confessar que esquecera como se chamava.

- José da Silva.

O padre lançou-lhe um olhar penetrante – provavelmente todos ali eram José da Silva – mas não disse nada. Limitou-se a fazer uma notação num grande caderno.

Ele saiu. E sentia-se outro. Sentia-se como que – embriagado? – sim, como que embriagado. Mas embriagado pelo céu, pela luz do sol, pelas árvores, pela multiradão que enchia as ruas. Tão arrebatado estava que, ao atravessar a avenida, não viu o ônibus. O choque, tremendo, jogou-o à distância. Ali ficou, imóvel, caído sobre o asfalto, as pessoas rodeando-o. Curiosamente, não tinha dor; ao contrário, sentia-se leve, quase que como flutuando. Deve ser o banho, pensou.

Alguém se inclinou sobre ele, um policial. Que lhe perguntou:

- Como é que está, cidadão? Dá para agüentar, cidadão?

Isso ele não sabia. Nem tinha importância. Agora sabia quem era. Era um cidadão. Não tinha nome, mas tinha um título: cidadão. Ser cidadão era, para ele, o começo de tudo. Ou o fim de tudo. Seus olhos se fecharam. Mas seu rosto se abriu num sorriso. O último sorriso do cidadão.