quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Formação do Estado Alemão


           Trabalho de pesquisa elaborado pelos acadêmicos do curso de História Ana Pendeis e Renato Marchi.

           A partir da metade do século XIX, grandes modificações surgiram no mapa da Europa, com um intenso período de formação nacional.
A unificação dos Estados Germânicos em uma unidade alemã aconteceu em 1871. Antes deste marco histórico, por motivo da resolução do congresso de Viena, onde constatou a divisão do território alemão em 39 estados, reinos e cidades livres, que eram unidos apenas por laços culturais, entre elas a língua alemã.
O poder hegemônico era disputado por dois fortes estados: A Áustria, dos Habsburgos, que tinham domínio do Parlamento da Confederação Germânica, a Dieta; e, do outro lado, a Prússia, dos Hohenzollern.
Na economia os estados alemães viviam um sistema feudal, de forma branda, podendo ser excluído o estado da Prússia, onde a industrialização já havia implantado evoluções e com o acordo de 1834, o Zollverein, um consórcio aduaneiro entre os povos da Liga Alemã, havendo assim um maior poder econômico prussiano.
O Zollverein foi uma das armas implantadas para que houvesse uma unificação do território alemão.  Por motivo da aliança aduaneira o crescimento econômico da região foi substancialmente notável, até mesmo estradas de ferro foram construídas para fazer a ligação entre estados alemães.
Este representa fortes vínculos com o capitalismo emergente da época. A Prússia por estar em um estágio avançado de industrialização, onde se tornara o estado mais poderoso econômica e militarmente, gerando a necessidade de um maior mercado consumidor, o que fez então abertura das fronteiras comerciais entre os estados alemães e a baixa das tarifas.



O Chanceler de Ferro
Após assumir o trono prussiano, o rei Guilherme I, vasto conhecedor das questões militares, chamou para seu entorno líderes como Moltke, que virou chefe de Estado-Maior, e Roon, como ministro da Guerra. Otto von Bismarck, que havia sido diplomata na Rússia e na França, assume o papel de chanceler, nome dado ao primeiro ministro alemão. Como explica EDWARD McNALL BURNS: “Dentre os grandes arquitetos de nações, nenhum sobrepujou o homem que colocou a Alemanha sob o domínio da Prússia, Otto Von Bismarck (1815-1898).” Aristocrata, coube a ele a missão de unificar os Junkers, proprietários de terras, aristocratas contrários a uma unificação burguesa até então, com os pertencentes da alta burguesia. Tal acordo de aproximação resultou no fortalecimento do Zollverein, e na estruturação e melhoramento do exército.
Como ensina RENÉ REMOND:
Na Alemanha, para realizar autoritariamente a unidade, Bismarck busca apoio no povo, contra os particularismos regionais. Como os movimentos nacionais se afastam da inspiração liberal da primeira metade do século XIX, em 1862 ocorre um cisma no partido liberal: a maioria dos liberais prussianos sacrifica a liberdade à realização da unidade nacional e tomam o nome de nacionais-liberais. Entre as liberdades parlamentares e a unidade nacional, a maior parte dos liberais opta pela nação contra a liberdade. Este fato tem inúmeras conseqüências no que respeita ao futuro político da Alemanha.
Com base no liberalismo e nacionalismo, os intentos de unificação foram lançados à população e o sentimento nacionalista gerou uma política de guerras onde o resultado não poderia ser melhor. Nas guerras dos Ducados, Austro-Prussiana e Franco-Prussiana, por um período de sete anos, alavancaram o espírito unificador.
Na Guerra dos Ducados, houve uma parceria entre Prússia e Áustria, em 1864, contra a Dinamarca pelos ducados de Schleswig e Holstein. Sagrando-se vencedores os estados alemães dividiram os territórios entre ambos, por acordo na Convenção de Gastein. Pouco após a assinatura do tratado notou-se a estruturação de uma política mais voltada ao estado austríaco, em contrariedade ao acordo, sendo o pontapé para mais uma guerra, a Austro-Prussiana.
Em 1866, a Prússia, com o apoio da Itália, também em processo de unificação, levantou-se contra a Áustria, obtendo êxito na Batalha de Königgrätz. Um acordo de paz seria assinado em Praga e nele estaria firmada a exclusão da Áustria dos estados germânicos.
Um ano depois, Bismarck desenvolveu a separação dos estados entre a Confederação do Norte e a Confederação do Sul. A do norte caracterizada pela unidade luterana; já a do sul, situados ao sul do rio Main (Hesse, Baden, Baviera e Würtemberg) de cunho majoritário católico, era formada por quatro estados que não conseguiram formar-se em uma unidade. Era o que faltava para a unificação alemã.
Em um golpe de Bismarck, o imperador francês Napoleão III declarou guerra a Prússia, dizendo-se vítima de agressão ao império e de possível invasão germânica. Os alvos mais próximos dos franceses seriam os estados do sul, despreparados e desunidos para uma guerra. Sendo assim aliaram-se aos estados do norte, dando início a Guerra Franco-Prussiana.
Prússia e França entraram em combate em 1870, e sem demora, o exército prussiano mostrou forças capazes de encurralar os franceses em seu próprio território. Na batalha de sedan houve a vitória e rendição do imperador francês que nada mais podia fazer para contornar os rumos que a guerra havia tomado. Com a rendição foi assinada a Paz de Frankfurt, que condenou a França a pagar alta indenização e ceder os territórios da Alsásia-Lorena, ricos em carvão e de formação basicamente germânica.
Otto von Bismarck cita que a vitória nesta batalha ocorreu por decorrência do mestre-escola, onde a falta de simpatia aos franceses já era algo difundido nas próprias escolas, fruto das campanhas napoleônicas.
Com a vitória o sentimento nacionalista cresceu diante dos estados do sul, onde a anexação aos estados do norte se fez consequência, porém com algumas autonomias, como a de exército próprio em tempos de paz.


O Reich
Reich, denominação em alemão para império, foi assim que foi tratada a unificação. Em 18 de janeiro de 1871, Guilherme I foi proclamado Kaiser, imperador em alemão, no palácio de Versalhes, para desonra dos franceses, vencidos na guerra. Otto von Bismarck ficou conhecido como o chanceler de ferro por suas atitudes e estratégias firmes e vencedoras e pela vocação às batalhas, onde defendia revoluções à ferro e sangue.
O autoritarismo se fez como base do império, porém o crescimento foi grandioso ao ponto de desbancar a Inglaterra como maior produtora de aço, o que tornou o império alemão uma das maiores potências europeias.
O império foi considerado como uma sequência do sacro império romano-germânico, por esse fato ficou conhecido como o segundo império germânico (II Reich), fato que seria seguido por Hitler no século XX com o III Reich.
A unificação dos estados alemães gerou conflitos imediatos ou posteriores. Foi um dos principais causadores dos conflitos na Europa até meados do século XX. A tomada da região da Alsásia-Lorena criou um sentimento de revanchismo nos franceses, muito mais após a consagração de Guilherme I imperador no palácio de Versalhes.
Políticas neocoloniais onde a Alemanha estendeu seus olhos para uma nova divisão dos territórios Africanos e Asiáticos foi uma das principais causas da I Guerra Mundial e da dissolução do império alemão.


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